O ponto final existe mesmo?
O ponto final usa-se na escrita. Faz parte do processo. Para encerrar o período. Uma conclusão. Como este que acabei de colocar. Está dito, ponto.
Existirá o ponto final na vida real? Não. E quando acreditamos que sim, algo acaba mal. Ponto.
O que quero mesmo dizer é que, na vida real não existem pontos finais. Há outros pontos gráficos mais parecidos com a realidade. Por exemplo:
As vírgulas estão próximo dos olhos que querem ver ou perceber mais;
Os pontos e vírgulas próximo dos ansiosos;
As reticências aguardam pelos curiosos e, até mesmo, pelos desconfiados; por vezes são perturbadoras. A questão que deixa no ar é “o que virá a seguir?”;
Os pontos de interrogação juntam-se à tenra idade dos porquês e nunca mais deixam de existir. É próprio do Ser humano querer aguçar o conhecimento;
As exclamações fazem parte do quotidiano, pelo menos, enquanto houver apaixonados na Terra. Esse, é o bom da exclamação! O lado mau é que irá durar enquanto a sombra de todos nós falar mais alto. Oh!
Mas pontos finais, não. Insisto, não existem na vida real.
A vida vai pervagando sem parar. Em vários sentidos. Quando nos parece que acabou é ilusão, apenas muda de curso, submerge e avança. Não finda. Continua. Muitas vezes, entre as reticências da perturbação, continua.
Mesmo quando te dizem “põe um ponto final a essa situação”, estão a convidar-te a enxergar, com pormenor, o que não está bem e deixar ir.
Partir não é conclusivo. É um convite a perceber o que poderás fazer com aquilo que viveste. É continuar a atuar desapegadamente. Sem fugas. A situação transforma-te, mas ela lá está. Ficou para trás a esvanecer-se no tempo. Registada como um carimbo que perde a tinta, ficando as marcas. O que farás das marcas, só a ti te diz respeito.
E o mais belo da vida é que ela nos convida à mudança. A mergulhar dentro de nós para que possamos enxergar melhor a nossa bagagem emocional, psicológica e espiritual.
Convida-nos à descoberta de nós mesmos, sem a necessidade de pontos finais, que nos assustam, como se o amanhã não existisse. Sim, os pontos finais enterram a angústia e petrificam a dor. Uma conclusão disfarçada como se nada tivesse acontecido.
Nada acaba, tudo muda. Mudar não é um ponto final.
Depende de ti. É a maior e a mais maravilhosa aventura que o Ser humano pode fazer consigo mesmo: autoconhecer-se, aceitar-se e aprender a fazer melhor.
A vida é movimento. Com ela a nossa imortalidade. Imortalidade é movimento. Não há ponto final.
Por isso digo para mim e deixo-te a dica: vai para dentro e voa contigo mesmo. Descobre o infinito.
Sopra e deixa que, de ti, possam sair as mais belas grafias do amor, da compaixão e da gratidão.
É isso aí, voa (não vou colocar nenhum ponto)
Manuela Vieira
Manuela Vieira
Escritora, poeta e contadora de histórias.
Adoro voar com as palavras!
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