Onde é que a Educação se encaixa no livro Infantojuvenil?

Onde é que a Educação se encaixa no livro Infantojuvenil?

Em tudo. Mesmo que o autor não tenha escrito com esse propósito. E é por isso que os primeiros leitores desses livros são os pais que os compram, ou não. “Deixa-me cá ver se serve, ou se é bom ou se é interessante!”Bom em quê? Interessante, como?


Quando escrevemos um livro, sabemos que, em princípio, será lido por alguém. E toda a leitura tem um efeito. Seja ele bom ou mau. Queiramos ou não. E o que faz o leitor com esse resultado? Muita coisa pode acontecer.


A meu ver, a Educação não é um processo estanque, algo que só acontece a quem vai à escola.


Oiço dizer, muitas vezes, que os livros infantojuvenis não devem ser escritos com o propósito de educar. Não o entendo assim.


Se confundirmos Educação com o sentar horas a fio em salas de aulas (tormento que acontece há muitos anos) a estudar em livros com conteúdos instrutivos sobre determinada matéria escolar, compreendo.


Para mim, educar não é isso. A Educação é muito mais do que a instrução. Acontece durante as 24 horas e todos os dias. E não é obrigatoriamente na escola. Faz-se também com os livros de caracter lúdico, com enredos criativos que envolvem determinadas temáticas, ou não. Mesmo com os que só promovem sorrisos, encantamentos, que te oferecem cheiros e cores. Isso não é educar?


Até hoje não encontrei livro algum infantojuvenil (muito longe de ter lido todos os livros) que não tivesse efeito educativo. Que não promovesse a criatividade, a empatia, a simpatia, o ânimo, a alegria, emoções de tristeza, de dúvida, que fizesse refletir e rir (e muito mais). Sejam histórias que falam de princesas, de gnomos, de jardins que se deslocam, de céus que se misturam com terras, de cobras que vestem fato e gravata, de árvores que vivem a correr no trânsito e mais sei lá. Queiramos ou não tudo educa.


As crianças são esponjas que tudo absorvem. Logo, quando escrevemos para quem quer que seja, independentemente do estilo de cada um, estamos a falar de vida, a tocar em vidas, e a provocar reações. Estamos a educar.


Podemos ouvir: gostei, não gostei, isto foi uma seca, adorei, vou ler outra vez, vou oferecer, isso é horrível, etc.

O cuidado a ter com os mais novos acompanha-nos ao longo do processo da criação e da forma como se escreve, e se ilustra. E sim, podemos abordar todas as áreas da vida e da morte. E com isso estamos a educar.


Eu acredito que os livros mais tocantes, que encontram espaço em nós, são aqueles que sentimos que falam para nós, em qualquer idade. Logo, são educativos. Não me refiro a moralismos. Isso é outro assunto que deixo para um próximo artigo.


Manuela Vieira


Foto de Gaelle Marcel na Unsplash


Manuela Vieira

Escritora, poeta e contadora de histórias.

Adoro voar com as palavras!

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